No já clássico de 2003, Os Sonhadores, do legendário diretor italiano Bernardo Bertolucci, os protagonistas vivem jogos pueris (mas não tão inocentes) em que imitam seus filmes favoritos. Em uma época (1968) de efervescência política e cultural mundo afora, eles se refugiam na fantasia que a tela de prata proporcionava.
Sendo o Cinema um mundo de simulacros, ou seja, de representações da realidade, é a visão única de cada diretor que atrai fãs tão fiéis, desejosos de mais do que histórias profundas mas também de estéticas que possibilitem experimentar diversas realidades, como uma mágica, ao ponto de muitas vezes se transformar em culto.
A palavra “culto” não vem por acaso, visto que muitas vezes tal gosto supera questionamentos: fãs sempre encontrarão argumentos para louvar e explicar por que determinada obra de seu ídolo é nada menos que GENIAL.
Tim Burton é um dos mais cultuados diretores desta geração. Sua estética inusitada salta aos olhos, especialmente por usar elementos sombrios e insólitos na expressão da beleza, em temáticas fantásticas e cativantes. Sempre lançando mão de maquiagem e direção de arte salivantes, os filmes de Burton são belas peças visuais de estilo gótico, em que cada traço é a expressão da beleza por trás do estranho.
O mestre do suspense Alfred Hitchcock é outro diretor que, mesmo depois de sua morte, angaria seguidores fiéis. O fantástico visual de seus filmes impressionam como cada detalhe converge e culmina na tensão. Extremamente detalhista e de memória fotográfica, Hitchcock visualizava e planejava cada detalhe de seus filmes. Seus storyboards são obras de arte, e diversos aspectos de suas produções são motivos de estudos, exposições e mostras.
De popularidade polarizante, Quentin Tarantino também tem uma larga fanbase. Suas histórias não lineares são acusadas de glamourizar a violência, contudo suas personagens são tão ricas em humanidade e humor, que suas ações e contextos não são menos que comentários ácidos sobre como a sociedade banaliza tal violência. Além do mais, os filmes de Tarantino são cheios de referências à Cultura Pop, sendo um verdadeiro parque de diversões para os cinéfilos.
Outros artistas merecem destaque: a beleza melodramática e eloquente das mulheres de Pedro Almodóvar; a humanidade aparentemente pessimista de Lars von Trier que denuncia a crueldade das relações e expectativas humanas; a poderosa poesia de imagens de Win Wenders.
Todos eles são verdadeiros autores que imprimiram suas marcas no fazer cinematográfico, tornando-se genuínos cultos.