O bom desempenho urbano depende, atualmente, não só do capital físico da cidade, mas também, e cada vez mais, da disponibilidade, da administração e da qualidade da comunicação do conhecimento e do capital intelectual e social da cidade.

Neste contexto se desenvolve o conceito de “Smart City”, um dispositivo estratégico que abrange fatores de produção urbana modernas em um quadro comum de funcionamento social em conjunto com a importância crescente de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Nesse conjunto se insere ainda o capital social e ambiental permeando a competitividade das cidades.

Augusto Portugal, Sócio da A. Portugal Arquitetos Associados, defende a ideia de que uma “Smart City é uma atmosfera” formada a partir de talento, ideias e gerenciamento estratégico de capital, tudo isso intimamente ligado a estratégias tecnológicas de desenvolvimento sustentável.

Mas como desenvolver essa ideia, quase ilusória, de sucesso? Simples, Portugal elaborou um plano, em busca de cidades mais humanas e inteligentes, que funciona como uma receita, sim, uma receita de bolo por exemplo. Cidades de sucesso produtivas, ou cidades fracassadas e improdutivas se comparam a uma receita que deu certo e se transformou em um delicioso e fofinho bolo, ou em um doce absolutamente “incomível”! Ele ressalta ainda que, o segredo do sucesso não está nos ingredientes, mas sim na receita, ou seja, o que você faz com o que você tem em mãos: aproveitamento e produtividade.

A opinião de Leite, da Universidade Mackenzie, segue a mesma linha. Segundo ele, “sob o prisma do desenvolvimento urbano sustentado, voltar a crescer para dentro da metrópole e não mais expandi-la é outro aspecto altamente relevante nesses casos: reciclar o território é mais inteligente do que substituí-lo. Reestruturá-lo produtivamente é possível e desejável no planejamento estratégico metropolitano. Ou seja: regenerar produtivamente territórios metropolitanos existentes deve ser face da mesma moeda dos novos processos de inovação econômica e tecnológica”, diz o urbanista.

As cidades inteligentes, segundo Leite, “expressam a necessidade de uma reformulação radical das cidades na era da economia global e da sociedade baseada no conhecimento”. A capacidade de inovação se traduz em competitividade e prosperidade, mas para que isso ocorra, alguns parâmetros são fundamentais, como “a presença da nova economia baseada em tecnologia, um sistema de mobilidade inteligente, ambientes inovadores/criativos, recursos humanos de talento, habitação acessível e diversificada, e sistemas inteligentes e integrados de governo (transporte, energia, saúde, segurança pública e educação). Leite diz ainda que é preciso estar atento às perspectivas que as tecnologias verdes aliadas à gestão inteligente estão abrindo no desenvolvimento urbano de novos territórios como Masdar  no Dubai, desenvolvida por Norman Foster.

“As cidades também morrem”, afirma o professor da USP João Sette Whitaker Ferreira (Eco 21, junho de 2012), ressaltando que, enquanto há 50 anos se alardeava que “São Paulo não pode parar”, hoje se afirma que a cidade “não pode morrer” – mas tudo se faz para a “morte anunciada”, ao mesmo tempo em que o modelo se reproduz pelo País todo. Fatos como este tornam iminentes discussões em torno do tema “Smart City”: cidades sustentáveis são inteligentes, inovadoras e criativas. Megacidades contemporâneas impõem os desafios e oportunidades do desenvolvimento sustentável e da gestão inteligente.

“É indispensável uma nova cultura. E saber, claro, para onde vamos.” Augusto Portugal

No vídeo abaixo vocês podem conferir na íntegra o debate sobre “Smart Cities” na Campus Party Brasil 2013 #ficadica


Por Paula Moran