Era 18 de junho, uma quarta-feira. O sol raiava forte em Porto Alegre, uma das 12 cidades sedes da Copa do Mundo, alegrando ainda mais o dia. No começo daquela tarde,Austrália e Holanda se enfrentariam no estádio Beira Rio e o clima na cidade, apesar do inverno, era de euforia e calor semelhante ao carnaval que acontece no verão.
Naquele dia Porto Alegre foi invadida por 15.000 australianos e 18.000 holandeses de acordo com os dados oficiais. Ou seja, 33.000 novos e lindos homens estrangeiros atracaram nesse porto pra alegria e torcicolo da mulherada e desespero dos homens gaúchos, tão acostumados que estavam com o desequilíbrio do ecossistema à favor deles.Naquele dia, australianos e holandeses quase todos eles altos, bonitos e sarados, salvaram a pátria das gaúchas fora de campo, na festa coletiva que tomou conta do bairro mais boêmio da cidade. E pra favorecer ainda mais, o dia seguinte era feriado. A festa não tinha mesmo hora pra terminar.
O que se viu, ouviu e leu à respeito do dia 18 de junho, foi que os guris gaúchos tomaram cartão vermelho e foram substituídos pelos Aussies e Dautches no coração das gurias, e tiveram que assistir ao espetáculo calados no banco dos reservas, morrendo de inveja e praguejando contra os forasteiros. Mas, afinal de contas, qual foi a estratégia de jogo de australianos e holandeses que abalou o reinado dos gaúchos?
Respeito. Me desculpem os locais se eu estiver generalizando demais, mas homem gaúcho não respeita a mulher que tem ao lado, muito menos se ela for temporária. Fazem de tudo pra levar a mulherada pra cama, mas no dia seguinte simplesmente esquecem. Se acham a última Coca-Cola gelada do deserto e temem que corram atrás deles, então preferem ignorar, afinal de contas, é mais fácil. Pedem o telefone e não ligam (jogada bem comum). Ou fazem pior, simplesmente somem do mapa de um dia pro outro sem qualquer explicação. Esse tipo de atitude o homem estrangeiro não tem na mesma proporção que costumamos ver por aqui. Australianos e holandeses jogam limpo e costumam ser honestos.
Homem gaúcho é machista e não gosta de mulher que toma a atitude, embora alguns digam o contrário. Além disso, ainda fazem uma segregação tão antiquada separando em categorias sem propósito as gurias que transam na primeira noite daquelas que fazem charme e vão pros “finalmentes” só no quinto encontro, como se umas fossem melhores ou mais adequadas do que as outras. E naquela noite, maravilhados pela alegria e beleza das gaúchas, australianos e holandeses mal precisaram abrir a boca pra jogar uma cantada. Foram quase todos cantados na base da mímica ou do inglês macarrônico. E como só tinham aquela oportunidade pra aproveitar, muitas mulheres deram no primeiro encontro sem sequer se importar com o que os caras poderiam pensar à respeito delas. Os sutiãs foram novamente queimados, mas dessa vez, na fogueira dos desejos.
Magoados que ficaram com a expulsão, muitos caras tentaram se passar por estrangeiros pra tentar tomar de volta seus postos de titulares, como se nunca tivessem tido a chance antes. Gaúcho macho nunca foge da luta e não se entrega pros homens de jeito nenhum, então vale até bancar o gringo pra entrar na disputa. Naquela noite parece que caiu a ficha na cabeça da gurizada, que passou o ano inteiro desprezando e pisando nos corações femininos sem dó nem piedade. Mas, como eu ia dizendo, de novo usaram a estratégia e o sotaque errados e foram mais uma vez banidos do gramado. Se tivessem sido mais espertos, teriam feito amizade com os rivais pra aprender como é que se faz em outros times. Era tudo uma simples questão de Fairplay.
Naquela noite de 18 de junho, australianos e holandeses levaram a taça e as gurias pro hotel na maior goleada que Porto Alegre ja viu. Mas, no final do campeonato foram os gaúchos que se deram bem, afinal de contas, são os donos do campinho e da bola, já que os adversários voaram de volta pra casa alguns dias depois. Mas o que importa nessa Copa das relações é o legado que fica. Que a partir de agora, os gaúchos aprendam a valorizar e respeitar as mulheres que orbitam ao seu redor. E que as gaúchas nunca se esqueçam de que o mundo é grande, não se limita apenas à Porto Alegre e que logo ali, cruzando o oceano, tem um australiano lindo ou um holandês educado esperando por elas.
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Dois links sobre o assunto pra complementar a leitura e ajudar a formar o pensamento:
A visão feminina sobre a noite portoalegrense tomada por estrangeiros – Clique aqui
A visão masculina sobre a noite portoalegrense tomada por estrangeiros – Clique aqui