Ana Maia sempre teve o hábito de ouvir conversas alheias, mas não sabia que a grande maioria das pessoas do mundo não fazia o mesmo. Quando descobriu isso, avisaram também que tal hábito indicava uma tremenda falta de educação. Ela não deu bola. Continuou escutando. Começou a anotar as conversas. Depois, a publicá-las em seu Facebook. Com os curtíssimos, mas sempre adoráveis comentários da Ana, “uma diva entre as pobres mulheres sem sal desses tempos sem sal” (adjetivos encontrados em uma conversa não alheia). Todo mundo adorou. Em novembro de 2012, o primeiro episódio de Ouvindo conversas alheias foi despretensiosamente publicado. Devido à inexperiência e à falta de noção da autora, informações precisas sobre horário, local etc. foram citados. Desconfia-se que por esse motivo, a linda história do homem vulnerável tenha sido denunciada e removida.
A emoção da censura resulta em duas decisões: a de continuação das publicações e a de apresentar um pouco mais de respeito pelos ouvidos, omitindo quaisquer detalhes muito específicos.