*se ficar muito difícil de ler tem um dicionário esperto lá no fim do post! 😉
A leitura deste texto merece uma playlist bagual. Peão, pega tua prenda e vem dançar uma vanera!
Amor pelo mate bem cevado de todas as manhãs, o som dos quero-queros que acordam junto dos gaúchos e das prendas de todas as querências, o churrasco de domingo, a picanh, a costela e o salsichão, as bergamotas na sombra das árvores da campanha, o carreteiro de charque, os cuscos que inticam com a piazada e os campos infinitos que a bagualada desbrava no lombo dos cavalos. Este é o Rio Grande do Sul, tchê! Quem não conhece é muito bem vindo, te aproxega vivente, só não vem me dizer que o chimarrão tá quente!
É no 20 de setembro que se comemora a Revolução Farroupilha. Revolução essa que entrou para a história como uma das revoltas por liberdade no Brasil da época do Império, no século 19. Segundo os livros tradicionais, o movimento começou em protesto aos impostos altos cobrados no charque, no sal e em outros produtos da região Sul, e queria a independência em relação ao governo central.
Ângela Beatris, professora de história, nos explica um pouquinho melhor como tudo isso funcionou em texto que descreve um pouco do seu conhecimento e amor à sua terra nessa última Semana Farroupilha: “A Semana Farroupilha é um evento festivo da cultura gaúcha e teve origem à meia noite do dia 7 de setembro de1947, quando Paixão Cortes e mais 7 tradicionalistas ( Cyro Ferreira, Antônio Siqueira, Orlando Degrazia, Fernando Vieira, Cyro Costa, Cilço Campos e João Vieira ) que ficaram conhecidos como “Os Oito Bombachudos”, capturaram uma fagulha da chama da Pira da Pátria e a levaram até o saguão do Colégio Júlio de Castilhos. Nesse local permaneceu acesa até o dia 20 de setembro em homenagem aos líderes farroupilhas. Estava instituída a Ronda Crioula que em setembro de 1964 foi oficializada e chamada de Semana Farroupilha.
Almoços, jantares, bailes, shows, acampamentos, palestras, seminários e o tradicional desfile congregam cidadãos de todas as regiões do Rio Grande do Sul e gaúchos espalhados pelo Brasil e pelo mundo, para relembrar a Revolução Farroupilha. Travada entre 1835 e 1845, a Guerra dos Farrapos foi mais um dos múltiplos movimentos armados liberais, republicanos, separatistas, organizados pelas elites proprietárias que sentiam-se desprestigiadas pelo Governo Imperial. No Rio Grande do Sul o principal motivo foi a questão envolvendo os altos impostos e a proteção alfandegária que favoreciaos produtos vindos da região do Prata em detrimento dos aqui produzidos, em especial o charque. Não houve igualdade nas tropas farroupilhas e o resultado do levante foi trágico com milhares de mortes nas tropas farroupilhas e nas imperiais. O nativismo é um conjunto de sentimentos e atitudes que ressaltam a nossa cultura e que fica aflorado ainda com maior intensidade na Semana Farroupilha.”
Já para o historiador Moacyr Flores, autor de diversos livros sobre a Revolta, frutos de suas pesquisas de mestrado e doutorado, essa versão merece contestações. Ele considera a Revolução Farroupilha como uma guerra civil, já que colocou os rio-grandenses uns contra os outros. “Foi uma guerra iniciada pelos grandes proprietários rurais, chamados estancieiros. O Império, que já cobrava impostos das propriedades urbanas, decidiu cobrar impostos sobre as propriedades da zona rural”, explica.
É assim que se dividem as opiniões sobre a aclamada Guerra dos Farrapos. A batalha, que se estendeu de 20 de setembro de 1835 há 1º de março de 1845 tem seu longo período de duração proporcional às longas divagações e discussões sobre o que realmente aconteceu no Sul do Brasil.
O polêmico jornalista Juremir Machado, tem uma visão bastante crítica da Revolução e no seu texto “Até quando?” podemos notar nitidamente que sim, existem dois lados bem divergentes quando se trata de Guerra dos Farrapos, confiram o trecho: “Todo os anos eu me pergunto: até quando? Sim, até quando teremos de mentir ou omitir para não incomodar os poderosos individuais ou coletivos? Até quando teremos que tapar o sol com a peneira para não ferir as suscetibilidades dos que homenageiam anualmente uma “revolução” que desconhecem? Até quando teremos de aliviar as críticas para não ofender os que, por não terem estudado História, acreditam que os farroupilhas foram idealistas, abolicionistas e republicanos desde sempre? Até quando teremos de fazer de conta que há dúvidas consistentes sobre a terrível traição aos negros em Porongos? Até quando teremos de justificar o horror com o argumento simplório de que eram os valores da época? Valores da traição, do escravismo, da infâmia?”
Indiferente do lado que tu escolheu te posicionar, ou se tu sequer sabe do que a gente tá falando aqui, uma coisa tens que saber: o Rio Grande é pura tradição, honra aos seus costumes e gratidão ao que tenha acontecido ou não lá no primeiro 20 de setembro dessa história. Parabéns a todos os gaúchos, se vamo meter um churras!
Se tiveres curiosidade e quiseres conhecer um pouco mais sobre a história do Rio Grande do Sul, dá uma olhadinha nesse vídeo sobre a Revolução.
Se tu não entendeu nada do que tá escrito aqui, não faz ideia do que é inticar, cusco ou piazada, não te faz de queixo-duro que o dicionário bagual te ajuda!
#ficadica pra gauchada, Campanha da RBS TV “Sou muito gaúcho”
“ …Mostremos valor constância,
Nesta ímpia e justa guerra.
Sirvam nossas façanhas,
De modelo a toda à terra…”
Por Paula Moran