Quem quer que eu seja que não sei

e o que quer que eu tenha sido

e o que ainda não serei

e aonde quer que eu tenha ido

 

e como quer que eu tenha vindo

eu algum dia lembrarei

quando tiver já esquecido

que nunca sou quem saberei.

 

Quem quer que eu seja nunca rio

e normalmente estou calado

nos retratos que são meus.

 

Eu sou a fumaça do navio.

Eu sou um anjo mutilado.

Eu sou a lágrima de Deus.

 

*Este poema faz parte do livro “O susto de saber-me deste jeito“, de Daniel Seidl de Moura.