Um dia um cara me disse: “Cuidado. Nunca deixa um homem pensar que ele não tem utilidade pra ti.”
Fiquei pensando nessa frase, no que ele quis dizer com isso e mais ainda, na utilidade que um homem tem de fato na vida de uma mulher.
Num mundo e num tempo onde as princesas tiveram que sair dos castelos montadas elas mesmas no cavalo branco; onde as Amélias tiveram que dividir o comando da casa com o comando do escritório; onde as mocinhas inocentes e submissas tiveram que lutar por independência ou morte com a espada em punho, não é difícil se questionar pra que então precisamos dos homens – e não vale aqui dizer que é apenas para reprodução. O espectro da questão é bem mais amplo e vai além disso. Apesar de toda a autosuficiência que adquirimos, a gente ainda precisa dos homens pra um monte de coisas e não só pra abrir o vidro de palmito ou trocar o pneu do carro. Porque isso nós também tivemos que aprender sozinhas.
Um homem serve pra nos dar segurança, pra abraçar forte quando o mundo ameaçar nos engolir e pra dizer que apesar de tudo, ele ainda é mais forte do que nós e portanto, vai nos proteger. Um homem serve pra andar de mãos dadas conosco não só enquanto passeamos pelo shopping, mas principalmente, enquanto andamos lado a lado pela vida.
Um homem serve pra que possamos aprender a rir de nós mesmas naqueles dias em que o cabelo acorda todo torto, o salto da bota quebra e a gente sai de casa com batom vermelho no dente. Um homem serve pra nos fazer mais autoconfiantes, mais seguras e menos defensivas.
Um homem serve pra nos fazer sentir lindas mesmo quando estamos em casa usando pijama de ursinho e pantufa de personagem da Disney, sem nenhum traço de glamour. Só um homem com um olhar malicioso pode nos fazer sentir uma angel da Victoria’s Secret num traje como esse.
Um homem serve pra nos dar carinho, respeito, presentes, flores; beijos de bom dia e de boa noite e mensagens despretensiosas no meio do expediente. Um homem serve também pra nos dar tesão, calor, sexo com ou sem compromisso. Um homem serve pra nos inspirar, pra nos fazer perder a cabeça em fantasias e principalmente, perder a vergonha de realizá-las.
Um homem serve pra dividir com a gente a conta do restaurante, as despesas da casa, a direção do carro, a louça suja na pia, os lençóis, os fluidos, os sonhos, os planos, os medos, as frustrações, as conquistas. Um homem serve pra dividir também a nossa vida ao meio sem que isso seja necessariamente ruim, sem que tenhamos que abrir mão da nossa individualidade.
Um homem serve pra somar, pra agregar coisas novas à nossa rotina, pra mudar a maneira como costumamos ver o mundo e encarar os nossos desafios. Um homem serve pra extrair da gente o nosso melhor, pra nos fazer ir além, pra nos fazer querer mais.
Um homem serve pra nos amar e pra nos fazer amá-lo. Um homem serve pra nos fazer abandonar o jogo, hastear a bandeira branca, jogar a toalha e nos rendermos. Um homem serve pra nos fazer esquecer de todos os outros homens.
É isso. Creio que não nos falta saber a utilidade de um homem na nossa vida, a gente sabe bem pra que ele serve. Talvez esteja sim faltando para os homens a capacidade e acima de tudo, a sensibilidade de perceber toda essa utilidade e importância que eles ainda tem pra gente.