Cause when I’m feeling real low, I remember I love you. I put my hands in the air and you are there.” – Pharrel Williams – Gust of wind

 

Faz alguns dias que eu busco uma inspiração pra escrever esse texto. Fiz várias tentativas e todas ficaram ruins, não gostei de nenhuma. Mas daí ontem, durante um almoço descompromissado com algumas amigas na beira do rio, enquanto discutíamos sobre ascaracterísticas que cada uma de nós busca num homem pra torná-lo um parceiro da vida, eis que parte da inspiração apareceu. O que faltava pra complementar veio desse texto que acabei de ler. Então agora eu posso contar a história sobre o homem da minha vidaThe one.

 

Depois de muitos relacionamentos, alguns bem longos e outros bem curtos; depois de conhecer muitas variedades de homens, ficou mais claro pra mim o que exatamente eu quero daquele que vou escolher pra sossegar sem ter medo de ser feliz de novo, pra quem vou me entregar sem receio e quem sabe um dia, ter uma casa, filhos e um cachorro correndo pelo jardim. E esse cara apareceu tão rapidamente na minha vida com a mesma velocidade com que foi embora. Pode até soar como delírio de adolescente, de mulher romântica,  dizer que alguém com quem convivi por apenas 24 horas é alguém com quem eu gostaria de terminar os meus dias. Mas foi assim que aconteceu e foi isso o que eu senti. Nesse curto espaço de tempo, perdi todos os medos que eu carregava até então e teria deixado tudo pra trás imediatamente pra correr o mundo com ele se tivesse tido essa chance.

 

A gente se conheceu através de uma amiga em comum numa das muitas noites de festa durante a Copa do Mundo. À primeira vista não simpatizei muito com ele, achei que só estivesse em busca de uma brasileira fácil pra se divertir e definitivamente, não era eu essa pessoa. Por acaso, acabamos sentados lado a lado numa mesa de bar onde jaziam inúmeras garrafas de cerveja vazias e engatamos um papo bom. Inicialmente conversamos sobre trivialidades comuns entre duas pessoas que nunca se viram antes, mas em seguida passamos a falar sobre os dramas e as alegrias das nossas próprias existências com tanta naturalidade e espontaneidade como se fôssemos dois velhos conhecidos que não se viam há bastante tempo.

 

Na noite seguinte, combinamos de sair juntos. Caminhamos pelas ruas iluminadas pela alegria dos passantes até que nos acomodamos no balcão de um pub lotado. Dividimos bem mais do que cervejas e sanduíches: dividimos nossos sonhos, medos, devaneios e  aventuras entre outras coisas. Nossos corpos por vezes se esbarravam, nossas mãos involuntariamente se tocavam. Em algum momento daquela noite, uma partícula de desejo compartilhado acendeu dentro da gente ao mesmo instante e não sei dizer onde foi que descobri que era ele que eu procurava por esse tempo todo, errando de cara em cara. O fato é que quando percebemos, nossos lábios estavam a milímetros de distância. E agora? I’m not hunting, foi o que ele disse. “Me neither“, respondi. Foi um beijo suave ao mesmo tempo em que foi eletrizante. Se eu tinha borboletas no meu estômago? Não. Tinha um show pirotécnico, um curto circuito, um Big Bang. Era ele, enfim.

 

Ele veio da terra para onde estou indo em alguns meses. É executivo numa grande empresa multinacional, usa terno e gravata todo dia, dirige uma lambreta e cozinha pra si mesmo quando chega em casa. É aventureiro, inteligente, educado, charmoso, querido, dono de um sorriso incrível, de uns olhos absurdamente lindos e de um corpo escultural. Pra completar, na noite em que nos conhecemos, ele ainda falava com seu sotaque estrangeiro numa voz rouca de quem havia gritado demais torcendo pelo seu país no jogo que havia acontecido um dia antes. Era ele, enfim.

 

Quis o destino que nossos caminhos se cruzassem apenas por aquelas 24 horas em que passamos juntos. Por que tamanha crueldade da vida eu não sei. Na madrugada seguinte, ele embarcou pra seguir viagem pelo resto da América do Sul e eu fiquei aqui, com o coração apertado e dolorido, mas com uma certeza: era ele, enfim.