Quando o primeiro lançamento de Star Wars, “Uma Nova Esperança”, veio ao mundo eu só tinha um ano. Até assistir ao “Episódio Um – A Ameaça Fantasma”, o mais perto que eu havia chegado da saga de George Lucas tinha sido através dos bonequinhos dos meus primos e da máscara de Dart Vader que veio de brinde numa lata de Nescau. Minha intimidade com a série era tão inexpressiva que, mesmo depois de assistir ao Episódio Um, eu continuava chamando o Obi-Wan Kenobi de Kiri Te Kanawa, que em realidade é uma soprano maori.
Mas daquela época para cá Star Wars semeou seu verdadeiro encanto em meu coração. Star Wars tem todo aquele trique filosófico que me prende a Senhor dos Anéis e ao primeiro Matrix – mais o peso de quase trinta anos de tradição nerd. Os teminhas musicais “Millenium Falcon se dando bem na batalha” e “Entrada aterrorizante de Lord Vader” seguem eletrizantes mesmo na octagésima repetição. Aos outsiders, curiosos e fãs que precisam refrescar a memória, aí vai um resumo de cada capítulo, por ordem de lançamento:
EPISÓDIO QUATRO: UMA NOVA ESPERANÇA (1977)
O Império do Mal de Dart Vader construiu a Estrela da Morte, uma estação espacial bélica capaz de impor terror e pânico ao espaço sideral. No planeta Tatooine caem C3PO (um plágio descarado da diva-andróide do clássico mudo alemão “Metropolis”) e seu coleguinha R2-D2, que carrega uma mensagem de socorro da Princesa Léia para o Jedi aposentado Obi Wan Kenobi. Os robôs são comprados pelo tio linha-dura do entediado Luke Skywalker, que por sua vez descobre o filminho da Princesa e leva R2 ao encontro de Obi Wan. A trupe contrata a nave e a pilotagem de Han Solo e Chewbacca para resgatar Léia e seu clássico penteado rapunzel de headphones; dali já engatam na liderança de uma horda de rebeldes e destroem a Estrela da Morte.
EPISÓDIO CINCO: O IMPÉRIO CONTRA-ATACA (1980)
Dart Vader não cabe dentro das calças pela afronta rebelde. Localiza Luke no remoto planeta gelado de Hoth e envia tropas reforçadas pelos gigantescos AT-AT Walkers, veículos quadrúpedes de quinze metros de altura (também altamente desafiadores em jogos de Atari). Rola uma debandada geral e Luke, seguindo instruções da Força, foge com seu queridinho R2-D2 para o planeta Dagobah, onde encontra o legendário mestre Yoda e começa a ser treinado para se tornar um Jedi. Enquanto isso, Han Solo inicia bateria de investidas na Princesa Léia e foge com ela, mais C3PO e Chewie, para a terra de seu compadre Lando Calrissian, onde é emboscado pelo Império do Mal. Luke vai atrás de seus amigos e tem a antológica luta com sabres luminosos contra Dart Vader, que apela pro emocional e revela que é seu pai.
EPISÓDIO VI: O RETORNO DE JEDI (1983)
Muitas emoções neste que é o desfecho da saga.
Vader entrega Han Solo para o rolha-de-poço Jabba, The Hutt, cuja fortaleza é um antro hedonista com banda, cantoras gostosas, batidinhas electro e narguilé art-decô. Léia tenta resgatar seu agora namorado Han Solo, é capturada e seus fluidos trajes brancos são imediatamente substituídos por um resumido biquíni estilo Barbarella, mais coleira sadomasô que a prende à cola do asqueroso Hutt. Luke surge cheio de truques Jedi, mas leva uma boa coça para tirar a galera das garras de Jabba. C3PO, fluente em seis milhões de dialetos e vaselina ao extremo, passa a maior parte do tempo redimindo os rebeldes do rastro de bagunça que deixam.
Uma vez libertos, nossos heróis descobrem que o Império está terminando a construção de outra estação bélica e resolvem se articular. Han Solo, Léia, Chewbacca, C3PO e R2 seguem para uma lua onde está a base de comando do escudo que protege a estação espacial em construção. Lutam empolgados contra os sempre debilóides guardas brancos do Império e ficam amigos dos dentuços Ewoks (que posteriormente ganharão película própria). Chewbacca, que em “Uma Nova Esperança” apresentava penteado armado tipo vovó, já começa a desenvolver dreads. Sua pelagem bípede boca-de-sino, no entanto, continua a conferir-lhe charme zoovintage.
Luke, por sua vez, vai voluntariamente até a estação bélica para encontrar com papai – acredita que ainda há bondade por trás daquele capacete chanel. É levado à sala do Imperador que, com uma bateria de jogos mentais rasteiros, tenta convertê-lo ao dark side, incitando nova luta de sabres com Vader, a qual Luke recusa. Vendo que não contará com o jovem Jedi, o Imperador decide exterminá-lo com uma descarga de raios azuis. Dart Vader tem compaixão, mata o maltrator de seu herdeiro e morre em seus braços.
Enquanto isso, Lando Calrissian permanece no ar liderando frota de aeronaves e se ocupa perigosamente com o inimigo até a desativação do escudo da estação bélica. Então força nos bombardeios e vai tudo pelos ares.
O filme termina com aqueles previsíveis planos abertos grandiosos, com direito a arranha-céus Gotham City, rebeldes em trajes glamourosos e aparição dos Jedis desencarnados – incluindo Anakin pré-Dart.
EPISÓDIO I: A AMEAÇA FANTASMA (1999)
Dezesseis anos após o último episódio, George Lucas nos manda para o very begining da história. Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante, a poderosa Trade Federation, encabeçada pelo Jedi Negro Sith Darth Sidious, confabula um ataque ao pacato planeta Naboo. Naboo é governado pela rainha Amidala que, dentro de figurinos escalafobéticos, é defensora da República, regime que Darth Sidious deseja dissolver para abrir caminho para o Império do Mal. O Jedi Qui-Gon Jinn e seu aprendiz Obi Wan Kenobi chegam a Naboo para ajudar a rainha Amidala a segurar a onda. Não dá outra, o planeta é invadido e eles são forçados a fugir para o arenoso Tatooine. Lá encontram Anakin Skywalker, um pequeno escravo no qual os Jedis identificam forte presença da Força. Para ser libertado e poder se juntar aos Jedis, Anakin participa de uma esfuziante corrida de naves flutuantes e sai vitorioso. Todos partem para libertar Naboo e Qui-Gon empunha seu sabre luminoso contra o sabre duplo de Darth Maul, subalterno de Darth Sidious. A Força vence.
EPISÓDIO II: O ATAQUE DOS CLONES (2002)
Rainha Amídala, agora a discreta senadora Padme Amidala, sofre tentativa de assassinato tão logo põe os pés em Coruscant para participar de uma votação. Obi Wan Kenobi e seu pupilo, o já crescidinho Anakin Skywalker, são convocados para protegê-la. Anakin se apaixona obsessivamente, chegando a praticar manobras suicidas pela paisagem Blade Runner do planeta – tudo para descobrir quem está ameaçando a vida de sua amada. Um dardo capturado durante a correria leva Obi Wan ao planeta Kamino, onde descobre que um imenso exército de clones foi encomendado por um Jedi desconhecido para lutar pela causa da senadora e do chanceler Palpatine: a preservação da República. Enquanto isso, Amidala e Anakin se refugiam em Naboo, onde o clima ferve entre um lindo pôr-do-sol e um rolar no gramado verdejante.
Do nada o atormentado Anakin resolve ir em busca de sua mãe, que de escrava virou esposa de um agricultor em Tatooine mas foi capturada pelo Povo da Areia. Chegando no acampamento inimigo, testemunha os últimos suspiros da progenitora, é tomado por ira incontrolável e aniquila todo mundo. Conta tudo para Amidala e os dois partem para resgatar Obi Wan, que foi capturado pelo Jedi do mal Conde Dooku e demais inimigos da República. Outros cavaleiros Jedi bonzinhos ativam o exército de clones e se juntam ao combate. Em luta com sabres contra Dooku, Yoda executa giros como um verdadeiro catavento e mostra o potencial oculto da terceira idade.
EPISÓDIO III: A VINGANÇA dos SITHS (2005)
O “Episódio Três – A Vingança dos Siths” é a ponte entre a politicagem dos dois primeiros episódios e a clássica trilogia que transcendeu a esfera cinematográfica. Nele explica-se por que Anakin se converte para o bando dos malvados e como toda uma geração de Jedis é aniquilada.
Andre Barbosa
O desejo por novidade e por conhecer sempre mais sobre o comportamento humano é o que move esse publicitário carioca, que já mora em Porto Alegre há duas décadas.