Ignorando a forma como eles serão tratados, todos os corações partidos possuem alguns pontos em comum. Se vão ser expostos à exaustão ignorando qualquer resquício de dignidade de seus donos, ou se serão escondidos sob narizes empinados, todos os corações partidos precisam ser curados.
Por trás de cada coração partido há um ponto de interrogação. Dele ramificam perguntas diversas que, não raramente, pressupõem fábulas absurdas que tentam explicar o inexplicável. Alguns trazem algumas particularidades, perambulando entre a letargia e a ansiedade, e criando a cada noite seus próprios pesadelos. Corações partidos trazem um interesse escuso na psicologia que prega o amor próprio, e essa ideia entra em conflito com o desejo de voltar no tempo, que é outra vontade dos corações partidos: regressar para a época das águas calmas.
Por trás de todos os corações que sangram, existe um pote cheios de “ses”. E se eu tivesse tomado outro caminho? E se eu tivesse agido de forma diferente? E se eu tivesse pulado fora antes? E se?
Um coração partido esconde assuntos pendentes sem querer, porque as visíveis marcas são menos vexatórias do que aquilo que realmente desejam: ser curados por aquilo que não puderam ter. Seja por orgulho ou vergonha, corações partidos são como pequenos baús cheios de coisas a serem enterradas. Coisas que às vezes escapam pelas frestas e se deixam permanecer ativas.
Por trás de cada coração partido existe um profundo desejo de paz e de reparação. E existe uma torre de palavras que desmoronou.