Selva de pedra ou uma selva de verdade, verdinha e fresca? A dita “evolução” social fez com que involuntariamente, quase que por um fluxo natural da vida, migrássemos do campo para as cidades e construíssemos nossas vidas baseadas em novos ideais e configurações. Se a gente parar pra analisar, conseguimos responder se foi realmente uma in ou uma evolução?
Nossa criatividade é bem menor do que parece. O modelo é praticamente uma imitação de como vivem os insetos sociais, tipo abelhas, formigas e cupins. O que é no mínimo estranho, basear nosso estilo de vida em modelos adequados para insetos. Quando eu discuto que o homem é o ser mais irracional que habita esse planeta, as pessoas me olham com cara feia, mas ó aí uma das provas. Precisamos imitar cupins. Fala sério.
Opção nossa, ok, já está instaurado, configurado e aparentemente muito bem aceito pela maioria! Será? Esses insetos sociais vivem juntos, de forma adensada, dividindo tarefas e se protegendo (o que, definitivamente, não é o nosso caso). Todos são liderados por uma rainha, responsável por fazer a colméia crescer, vivendo para fazer posturas. Existem os soldados que protegem a colméia, as jardineiras, que fazem a limpeza, as operárias que buscam e fabricam mel, enfim tudo em relativa harmonia.
E nós? Optamos por viver em cidades, de forma adensada e enlouquecida, sem muitos padrões sob a proteção idealizada de milhões de falsas e perenes leis. Existem, afinal, prós e contras. Nas cidades temos cinema, teatro, infraestrutura de transportes público (questionáveis), os alimentos chegam a mesa sem esforço, basta irmos ao mercado ou usar o smartphone/internet, há escolas em cada esquina, ao menos deveria, tem emprego com férias e 13º, ao menos também deveria. Ar condicionado, farmácia 24h, hospitais lotados e sucateados, digo, apenas hospitais.
Enfim, não quero escrever pra escolher entre campo ou cidade e nem dizer qual seria melhor ou pior para se viver, na verdade é apenas um comparativo. Cada um sabe de si. Mas não custa analisar coisas do tipo… No campo, quando seu filho sai da escola ele vai aprender um pouco sobre a vida ajudando na lida do dia a dia. Comendo fruta no pé, conhecendo árvores, plantas, bichos, aprendendo a respeitar os animais, proteger-se deles, manter uma relação saudável e amistosa, plantar, colher, cuidar, tomar banho de rio, pescar, aprender a respeitar a natureza, conviver com pessoas que estão sempre querendo construir coisas, fazer coisas, enfim não existe gente ociosa no campo na mesma proporção que existe na cidade, apesar de não pararmos um segundo sequer, existe muito ócio nas cidades e não, não existe amor em SP.
Nas cidades é diferente, o que seu filho faz depois da escola? Depende das suas condições financeiras. Você pode colocá-lo numa aula de inglês, japonês, alemão, informática, natação, ballet, lutas marciais ou piano. Mas ele vai viver fazendo isso o tempo todo? Ou pior, se você não tem dinheiro? Ele solta pipa e joga bola, o que seria ótimo. Mas nem sempre faz só isso. As vezes é comum ouvi-los reclamando, puxa vida não tem nada para fazer! Aí eles moram na frente da televisão absorvendo boçalidades ou jogando vídeo games e fazendo, na sua própria sala, um cursinho de violência à domicílio. Esse nada para fazer é que é o problema. Nas cidades as pessoas não tem rosto, quiçá nome. Você não conhece seu vizinho de apartamento, quem dirá aquela pessoa que sobe com você no elevador. Afinal, o que há de semelhante com as abelhas? Nada. Vivemos juntos, mas sozinhos, isolados e isso não nos traz vantagens e não nos faz mais fortes.
Por Paula Moran