Tá rolando ~ nas internets ~ esse desafio, onde as mulheres postam suas fotos sem maquiagem, como forma de mostrar a beleza delas mesmas, sem o uso de artifícios (make, filtro, etc) – apesar de ter visto um povo aí postando só pra não ter que dar $ pra amiga, tá valendo mesmo assim. (acabei de ver um homem tirando sarro e tive ainda mais certeza de que deveria postar esse texto)

Eu não fui convidada pra esse desafio, mas como também não fui formalmente convidada pra “Beauty Madness”, me sinto confortável de me desafiar mesmo assim 

É claro que essa foto minha sem maquiagem é a melhor que consegui tirar, a que realça menos as minhas olheiras .

Vamos ser honestos, todo mundo quer se apresentar no seu melhor, não adianta viver coloque aqui sua opção ( )fazendo dieta ( )pensando que se tivesse $ faria plástica aqui e ali ( )apagando foto sua pq nenhuma ficou boa ( ) se sentindo feia – e propagar por aí que é um absurdo as pessoas não se aceitarem ou não aceitarem o outro. Como vc vai exigir que aceitem o outro se vc não se aceita? Então vamos começar com sinceridade.

Acho que o maior desafio é se olhar além maquiagem, se ver além da dieta, da progressiva, da sobrancelha tirada e do creme anti-celulite. É aceitar que nós também somos culpados por propagar padrões toda vez que olhamos e julgamos – os outros e a nós mesmos.

“Ai, a Marilyn sim é que tinha um corpo de mulher, sem essa pressão de ser magra” – gente, a mulher tinha depressão e provavelmente se matou, não devia ser fácil ser ela. Ela mudava os cabelos pra ser o padrão – e qtas mulheres não fizeram loucuras pra se encaixarem nesse padrão…

Não é de hoje que os modelos de beleza estão por aí e que as pessoas fazem loucuras pra conseguir atingi-los: espartilhos, saltos, maquiagem, tinta no cabelo, dieta (a de engorda tb)… isso tudo é muito velho! Mas como a quantidade de vezes que somos impactados por mensagens aumenta a cada dia e a facilidade de manipular as imagens também, a pressão parece estar aumentando junto.

Mas não é só a indústria e a publicidade que fazem isso, somos nós também. A gente, de pijama, se compara com a foto que a fulana acabou de postar – e a gente esquece que aquela não é a fulana de pijama. Ou ainda, repare nos comentários de foto de criança, arrisco dizer que 80% é “lindo/a”.

Nós crescemos aprendendo quem deveríamos ser. Eu era uma criança gordinha, meus adoráveis primos cantavam “gorda baleia, saco de areia…” pra mim. Com a sorte da genética e muitas horas de natação, fui uma adolescente magra (e com um cabelo que meuDeus…).

Mas meu corpo continuou mudando e no ano em que mais coisas mudaram na minha vida (qdo mudei sozinha pra SP pra fazer faculdade), eu comecei a engordar e cheguei a uma conclusão lógica: vomitar seria a solução (acho que nunca disse isso pra ninguém).

Mas a única coisa que perdi com isso foi a saúde do meu estômago. E ganhei a tarefa de tentar gostar de mim assim mesmo.

Demorei aaaanos pra aprender a arrumar meu cabelo e não domino as técnicas de maquiagem, mas me viro. E esses dois truques viraram meus aliados (mesmo que às vezes falhem ou eu escolha ir sem eles).

Aprendi a comprar roupa só em dia que estou de bom humor, porque essa é uma tarefa muito difícil, já que não me encaixo nos padrões de numeração (sou muito grande pras confecções “normais” e muito pequena pras “large size” – e digo grande pq sei disso, mas a palavra que me vem à cabeça com mais frequência é GORDA). Sapato então… uma tarefa quase impossível (se eu quiser andar com eles e sobreviver no mesmo dia – e olha que eu só calço 39).

Mas nem sempre é fácil, quando a imagem no espelho não é realmente aquilo que eu queria ver.

Meu marido acha que mulher é tudo louca, que alisa o cabelo com formol, anda de salto desconfortável, usa sutiã de enchimento, pinta a cara e faz um monte de plástica… Que era muito simples, era só não fazer. E eu tento explicar pra ele que não é assim tão simples, que as pessoas tem motivos pra isso, já que tudo custa tempo e dinheiro (e às vezes até a saúde), e que cada um tem o direito de ser o que quiser e que ele não entende porque é homem. Mas a verdade é que deveria ser mais simples.

O problema é TER QUE CABER num padrão – qualquer que seja ele.
O bom é que vivemos em um tempo que podemos contestar tudo isso e ser agentes da mudança.

Busque o melhor de você – na beleza também se você quiser, mas não se machuque. Antes de qualquer coisa, se pergunte se existe um outro caminho ou se isso é o que você realmente quer.

A questão não é parar de se sentir bonita (o), é parar com as loucuras pra fazer disso uma realidade 

O desafio deve ser dos homens e das mulheres, dos pais e das mães.

Pare a loucura da beleza.
stopthebeautymadness.com